A endometriose é uma condição médica na qual o tecido que normalmente reveste o interior do útero (o endométrio) cresce fora dele, em outros órgãos da pelve, como os ovários, as trompas de Falópio, a bexiga ou o intestino. Esse tecido pode causar irritação, inflamação e, em alguns casos, formar cicatrizes e aderências, causando dor pélvica crônica, cólicas menstruais intensas, dor durante a relação sexual e problemas de fertilidade. A endometriose pode afetar mulheres em idade reprodutiva, e é uma condição crônica que requer cuidados médicos adequados para gerenciar seus sintomas e prevenir possíveis complicações.

A causa exata da endometriose ainda não é totalmente compreendida pelos especialistas, mas existem algumas teorias que tentam explicar como ela surge. Uma das teorias mais aceitas é a da menstruação retrógrada, que ocorre quando o sangue e o tecido endometrial viajam para fora do útero e se estabelecem em outros órgãos da pelve durante a menstruação, em vez de serem eliminados do corpo. Esses fragmentos de endométrio podem crescer e se espalhar, causando a endometriose.

Outra teoria é a da metaplasia, que sugere que alguns tecidos pélvicos, como os ovários ou as trompas de Falópio, se transformam em tecido endometrial devido a fatores hormonais ou genéticos. Também há evidências de que a endometriose pode ser causada por um problema no sistema imunológico, que não consegue reconhecer e eliminar as células endometriais que se estabelecem fora do útero.

No entanto, ainda não há uma resposta definitiva sobre como a endometriose aparece. O que se sabe é que a doença é influenciada por vários fatores, incluindo predisposição genética, alterações hormonais, inflamação crônica e exposição a toxinas ambientais.

A endometriose foi descrita pela primeira vez no século XIX pelo médico alemão Carl von Rokitansky, que observou pequenos cistos de sangue contendo tecido semelhante ao endométrio em tecidos pélvicos de mulheres que morreram de outras causas. No entanto, a condição só foi oficialmente reconhecida como uma doença clínica na década de 1920, quando o médico americano John Sampson propôs a teoria da menstruação retrógrada como a causa da endometriose e desenvolveu uma classificação para descrever seus diferentes estágios.

Desde então, a endometriose tem sido amplamente estudada e sua compreensão tem evoluído, permitindo que os médicos e pesquisadores desenvolvam estratégias mais eficazes para o diagnóstico e tratamento da doença. Hoje, a endometriose é uma das principais causas de dor pélvica crônica e infertilidade em mulheres em idade reprodutiva, afetando cerca de 10% das mulheres em todo o mundo.


Os sintomas da endometriose podem variar de mulher para mulher, dependendo da localização, extensão e gravidade dos implantes de tecido endometrial. Algumas mulheres podem apresentar apenas sintomas leves ou nenhum sintoma, enquanto outras podem sofrer com dor pélvica crônica intensa e outros sintomas incapacitantes. Alguns dos sintomas mais comuns da endometriose incluem:

Dor pélvica crônica, que pode ser intensa e ocorrer antes, durante ou após o período menstrual;
Cólicas menstruais intensas;
Dor durante a relação sexual (dispareunia);
Sangramento menstrual intenso ou irregular;
Infertilidade ou dificuldade para engravidar;
Dor ao urinar ou defecar durante o período menstrual;
Fadiga crônica;
Náuseas ou vômitos durante o período menstrual.

O tratamento da endometriose depende da gravidade dos sintomas da doença e do desejo da paciente de engravidar no futuro. São possíveis as seguintes formas de tratamento:

Medicamentos para controlar a dor e reduzir a inflamação: Os analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem ajudar a aliviar a dor e a inflamação associadas à endometriose. Alguns hormônios, como os contraceptivos orais, também podem ser prescritos para reduzir a produção de estrogênio e diminuir o crescimento do tecido endometrial.
Cirurgia para remover os implantes de tecido endometrial: A cirurgia pode ser recomendada para mulheres com endometriose grave ou que não responderam aos tratamentos medicamentosos. Durante a cirurgia, o tecido endometrial é removido dos órgãos reprodutivos e da pelve. Em alguns casos, a histerectomia (remoção do útero) pode ser necessária.
Técnicas de reprodução assistida: As técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), podem ser uma opção para mulheres com endometriose que desejam engravidar. A FIV envolve a coleta de óvulos e espermatozoides e a fertilização em laboratório. Os embriões resultantes são então transferidos para o útero da mulher.

Além dessas opções de tratamento, as mulheres com endometriose também podem se beneficiar de mudanças no estilo de vida, como a prática regular de exercícios físicos, a redução do estresse e uma dieta saudável e balanceada.

O tratamento da endometriose deve ser personalizado para cada paciente, levando em consideração seus sintomas, idade, saúde geral e objetivos reprodutivos

A endometriose é uma das principais causas de infertilidade em mulheres em idade reprodutiva. A doença pode afetar a fertilidade de várias maneiras, incluindo:

Alterações na anatomia pélvica: A endometriose pode causar aderências, cicatrizes e deformidades na pelve, o que pode dificultar a fertilização do óvulo pelo espermatozoide ou a implantação do embrião no útero.
Dificuldades na ovulação: A endometriose pode afetar a ovulação, tornando mais difícil a liberação de um óvulo saudável para ser fertilizado pelo espermatozoide.
Inflamação crônica: A endometriose pode causar inflamação crônica no tecido pélvico, o que pode afetar a qualidade dos óvulos ou do esperma, bem como a implantação do embrião.
Produção de substâncias tóxicas: Os implantes de tecido endometrial podem produzir substâncias tóxicas que afetam o funcionamento dos órgãos reprodutivos.

O tratamento da endometriose pode ajudar a melhorar a fertilidade em mulheres com a doença. Em alguns casos, a cirurgia para remover os implantes de tecido endometrial pode melhorar a fertilidade, especialmente em mulheres com endometriose leve ou moderada. Além disso, as técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), podem ajudar mulheres com endometriose a engravidar ao contornar os problemas de fertilização e implantação causados ​​pela doença.

É importante lembrar que nem todas as mulheres com endometriose terão dificuldades para engravidar. Algumas mulheres com a doença podem engravidar espontaneamente, enquanto outras podem precisar de tratamento clínico ou cirúrgico para aumentar suas chances. Se você tem endometriose e está tentando engravidar, é importante consultar um médico especialista em fertilidade para discutir suas opções de tratamento disponíveis.